O «monstro» fez duzentos anos

Este ano de 2018 começou com uma efeméride muito importante para os adeptos de Ficção Científica e Fantástico (e Terror) em todo o Mundo: a 1 de Janeiro último assinalaram-se os 200 anos da edição da obra de Mary Shelley «Frankenstein, ou, o Prometeu Moderno» – a obra (prima) que terá inaugurado a FC & F (e T) contemporânea.

Previsivelmente, muitas foram as referências feitas ao facto – e muitas outras, decerto, ainda se farão – surgidas no espaço virtual, várias delas aludindo a iniciativas bem reais de celebração, comemoração, fruição, e investigação, de um trabalho pioneiro, tornado muito mais marcante e memorável pelas circunstâncias em que foi criado – por uma bem jovem escritora então acompanhada por dois dos maiores poetas de sempre da língua inglesa, Percy Bysshe Shelley (companheiro, e, depois, marido dela) e George Gordon Byron. Parece encontrar-se de tudo um pouco: «as coisas que você pode não saber sobre Frankenstein», em vídeo: anteriores e novas – uma «alargada» (com as versões de 1818 e de 1831) uma ilustrada, uma «pós-moderna» – edições da obra; novos livros, quer sobre a autora, quer sobre a sua obra mais famosa; iniciativas – colóquios/debates, cursos, estudos, outros projectos – levadas a cabo por universidades norte-americanas como as de Arizona, Stanford (Califórnia) e Washington (St. Louis, Missouri); reflexões várias – como esta, esta e esta – sobre as influências e as implicações filosóficas, históricas, sociais, culturais, literárias, de «Frankenstein»; evocações, revelações, de «monstros da vida real», e de consequências para a ciência a propósito da obra agora bicentenária; ligações de Mary Shelley e da sua família a Bournemouth, cidade costeira do Sul da Grã-Bretanha, onde a escritora está sepultada (apesar de nunca lá ter residido enquanto viveu); uma perspectiva mais ou menos panorâmica sobre os objectos coleccionáveis, incluindo brinquedos (!), de alguma forma relacionados com «Frankenstein».

Porém, e por mais importantes que este livro e as suas personagens principais – criador e criatura – tenham sido, sejam, e certamente serão na literatura, não há qualquer dúvida de que os seus impactos foram imensamente aumentados, e mesmo exponenciados, pelas adaptações, e até apropriações, que os meios audiovisuais deles fizeram, com destaque óbvio para o cinema e a televisão. Aliás, uma pesquisa neste âmbito no Internet Movie Database é elucidativa: mais de 200 referências a títulos de trabalhos em que o nome «Frankenstein» é mencionado.

Em Portugal a efeméride também é assinalada: na Biblioteca Nacional de Portugal est(ar)á patente, desde 9 de Janeiro até 8 de Fevereiro, uma mostra dedicada ao bicentenário, e a 27 de Setembro realizar-se-à, no auditório, um colóquio.

%d bloggers like this: